Quando uma criança faz birra, deve-se levá-la para um lugar seguro, dando tempo para ela se acalmar, de uma forma não punitiva.
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Birras são comuns entre 1 e 4 anos de idade, ocorrendo cerca de uma vez por semana em 50 a 80% das crianças nessa faixa etária. A criança pode jogar-se para baixo, chutar, gritar, golpear pessoas ou objetos na sala, e prender a respiração. As birras podem ocorrer por causa de pequenas frustrações ou sem uma razão aparente. Muitas vezes, o comportamento de birra é reflexo da imaturidade da criança ao se esforçar para realizar tarefas de desenvolvimento adequadas à idade e se deparar com dificuldades por causa de habilidades motoras e de linguagem inadequadas, restrições dos pais, ou tendência de impulsividade e impaciência. Podem ser considerados normais à medida que a criança busca alcançar autonomia e domínio sobre o meio ambiente. Em casa, esses comportamentos podem ser irritantes. Em público, eles são embaraçosos. As birras que produzem o efeito desejado, ou seja, a criança consegue o que queria, têm maior probabilidade de ocorrer novamente. Sempre que possível, os pais devem estabelecer rotinas e regras bem claras, que ajudarão a criança a saber o que esperar em cada situação. Devem também manter um ambiente que forneça reforço positivo para o comportamento desejado e apropriado. Não devem reagir de forma exagerada ao comportamento indesejado, pois isso valoriza a birra, mas sim estabelecer limites razoáveis para a criança. Os pais devem preparar a criança para transições de uma atividade para outra, oferecer algumas escolhas simples para satisfazer à crescente necessidade de controle da criança, reconhecer os desejos da criança durante uma birra, e agir calmamente ao lidar com comportamentos negativos. A punição física, ou corporal, não é aconselhada. A criança deve ser levada para um lugar seguro e deve-se dar tempo para que ela se acalme, de uma forma não punitiva. Mais importante ainda, deve-se ignorar as birras que buscam obter somente a atenção dos pais. É importante não ceder à birra. Isto vai, com o tempo, diminuir a frequência das birras. Os pais podem minimizar as birras entendendo o temperamento da criança e o motivo da birra. Os pais também devem se comprometer a ajudar a criança a dominar seus sentimentos. A maioria das crianças aprende, com o tempo, a suportar suas frustrações, terminando assim os acessos de raiva. Até 20% das crianças pequenas têm birras que são frequentes e perturbadoras. Tais atos de raiva podem resultar de uma perturbação na interação entre pais e filhos, pais pouco habilidosos, falta de limites e permissividade. Mais raramente, podem ser parte de um transtorno comportamental ou de desenvolvimento, ou podem surgir sob condições socioeconômicas adversas, em circunstâncias de depressão materna e disfunção familiar, ou quando a criança está com algum problema de saúde. A persistência de birras além dos 4 ou 5 anos de idade requer maior investigação e geralmente inclui educação em grupo e aconselhamento psicológico.Referências: Access Medicine. Srinivasan, S.; Middleton, D. B. Well-child care. In: South-Paul, J. E.; Matheny, S. C.; Lewis, E. L. Current diagnosis & treatment: family medicine. 4ed. New York: McGraw-Hill, 2015. Disponível em: http://psbe.ufrn.br/. Acesso em: 10 nov. 2016.
Access Medicine. Goldson, E.; Reynolds, A. Child development & behavior. In: Hay Jr. W. W. et al. eds. Current diagnosis & treatment pediatrics. 23ed. New York: McGraw-Hill, 2016. Disponível em: http://psbe.ufrn.br/. Acesso em: 11 nov. 2016.
Autor do resumo: Claudio Vinicius de Assis Rondado
Revisores do resumo: Prof. Dr. Fabio Carmona, Enfa. Dra. Iara Cristina da Silva Pedro, Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão
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