Refeições em família, envolvimento da criança na preparação dos alimentos, alimentos variados e incentivo por meio de exemplos podem melhorar a alimentação da criança.
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O consumo de uma grande variedade de alimentos, incluindo vegetais e frutas, é considerado muito importante para a saúde. A Organização Mundial da Saúde recomenda que, além da variedade, quantidade e frequência adequadas da alimentação, os horários das refeições sejam períodos de aprendizado e amor. Durante o segundo ano de vida, as crianças aprendem a comer sozinhas e fazem a transição para uma dieta cada vez mais parecida com a dieta dos adultos. Os pais devem oferecer alimentos nutritivos e adequados para a idade da criança, porém, deixando que as crianças decidam o quanto e o que comer, desde que as escolhas sejam razoáveis e as crianças mantenham um crescimento adequado. A maioria das crianças pequenas deve receber entre quatro e seis refeições por dia, com uma variedade de alimentos nutritivos e de preferência com horários fixos para essas refeições. As crianças podem ser resistentes a experimentar novos alimentos e preferir comer sempre os mesmos alimentos favoritos. É muito importante que os pais sejam capazes de reconhecer quando seus filhos estão com fome ou satisfeitos. A alimentação da criança é influenciada, positivamente ou negativamente, por seus familiares, amigos e propagandas. Os pais devem dar o exemplo aos filhos, possuindo uma alimentação variada e saudável. Refeições em família são muito importantes mesmo que a criança não queira comer, para que a criança observe as escolhas de alimentos dos membros de sua família. A observação do consumo de alimentos por familiares e amigos pode incentivar a criança a provar novos alimentos e ao oferecer esses alimentos em várias ocasiões pode fazer com que a criança o inclua em seu cardápio. A participação da criança na escolha e no preparo dos alimentos também pode ajudar na alimentação da criança. Atividades físicas e brincadeiras podem aumentar o apetite da criança. Recomenda-se avisar 15 minutos antes da refeição para que a criança se acalme após uma atividade física antes de se alimentar. Além disso, pais com uma boa comunicação com seus filhos, que elogiem e tenham um olhar amoroso, também possuem um impacto positivo para a alimentação das crianças. Por outro lado, atitudes autoritárias como forçar, brigar, ameaçar, cutucar, oferecer prêmios e suplicar para a criança comer pode na verdade reduzir ainda mais a ingestão dos alimentos. Recomenda-se evitar distrações como brinquedos, celular e televisão durante as refeições. Além disso, crianças com uma sensibilidade maior para as texturas e cheiros dos alimentos podem desenvolver mais facilmente uma seletividade alimentar. A recusa alimentar da criança pode gerar conflitos entre os pais e seus filhos, o que pode gerar estresse, ansiedade e tristeza nos pais. Quando uma criança parece saudável e está ganhando peso e crescendo adequadamente, a recusa alimentar normalmente não representa problemas de saúde. A suplementação de vitaminas e minerais normalmente não é necessária para crianças saudáveis em crescimento, que possuem uma dieta variada e tem exposição solar adequada. Estimulantes do apetite normalmente não são indicados para recusa alimentar em crianças saudáveis.
Referências:
UpToDate. Patient education: diet and health, beyond the basics. Informação atualizada em 20 de junho de 2019. Disponível em: www.uptodate.com. Acesso em: 1 out. 2021.UpToDate. Dietary recommendations for toddlers, preschool, and school-age children. Informação atualizada em 4 de agosto de 2020. Disponível em: www.uptodate.com. Acesso em: 2 out. 2021.
UpToDate. Poor weight gain in children older than two years in resource-abundant countries. Informação atualizada em 24 de maio de 2021. Disponível em: www.uptodate.com. Acesso em: 2 out. 2021.
Chilman, Laine et al. Picky eating in children: A scoping review to examine its intrinsic and extrinsic features and how they relate to identification. International Journal of Environmental Research and Public Health, v,18, n. 17, p.9067, 27 ago. 2021. Disponível em: https://www.mdpi.com/1660-4601/18/17/9067. Acesso em: 2 out. 2021.
Canadian Paediatric Society. The ‘picky eater’: the toddler or preschooler who does not eat. Informação atualizada em 1 de janeiro de 2020. Disponível em: https://www.cps.ca/en/documents/position/toddler-preschooler-who-does-not-eat. Acesso em: 2 out. 2021.
Autor do resumo:
Aluno Gustavo José Miranda da Cunha
Curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Revisor do resumo:
Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão
Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo