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Após quase dois anos de pandemia e muitas investigações, fica cada vez mais evidente que, apesar de o Covid-19 afetar, principalmente, o sistema respiratório, é uma doença multissistêmica. Ou seja, ela afeta diversos órgãos e suas consequências variam muito, podendo ser desde uma fadiga leve, até problemas sérios no sistema cardiorrespiratório ou no sistema nervoso, por exemplo. No Brasil, desde o começo da pandemia até o mês de novembro de 2021, tivemos ao todo em torno de 21 milhões de casos de COVID-19, o que sugere que enfrentaremos uma onda contínua de sequelas desta doença, que irá impactar a capacidade de trabalho e até mesmo a vida amorosa de quem se recuperou da doença. Vale ressaltar que não são somente idosos ou pessoas com comorbidade que correm o risco de ter sequelas do coronavírus, um grande número de adultos anteriormente saudáveis, com idade entre 18 e 50 anos, foram afetados. Como essa população representa a maioria da população economicamente ativa (trabalhadores), teremos graves consequências a longo prazo, não apenas para o sistema de saúde, mas também para a economia. Até o momento, sabemos que o vírus causador do Covid-19 pode infectar e causar danos nos pulmões, coração, fígado, rins, estômago, intestino, vasos sanguíneos, células do sistema imune, sistema nervoso, etc. Além disso, alguns pacientes podem ter uma intensa ativação do sistema imune, de forma desregulada, o que indiretamente resulta em um extenso dano tecidual. Isto posto, em todos esses órgãos infectados, o coronavírus pode acabar causando danos persistentes, com sequelas a longo prazo. Devemos dar uma maior atenção aos casos de: 1) danos em múltiplos órgãos; 2) redução persistente da função pulmonar; 3) inflamação do tecido muscular do coração; 4) sequelas neurológicas, incluindo a síndrome da fadiga pós-viral; 5) saúde mental. Vale comentar que, dentre todas as possíveis sequelas do Covid-19, problemas neurológicos, psíquicos e pulmonares são os mais frequentes. Apesar de haver uma relação entre o número de sintomas durante a infecção aguda do coronavírus, a gravidade da doença e o maior risco de se ter sequelas, mesmo casos leves podem desenvolver problemas a longo prazo. Essas informações são de pesquisas com duração máxima de 12 meses, pois como a doença ainda é muito recente, não conseguimos prever o impacto de vários meses e anos. Além disso, quando nos referimos a trabalhadores que foram infectados, é necessário um esforço especial para permitir a completa recuperação da aptidão para o trabalho dos pacientes que sofreram de Covid-19. Para isso, devem ser considerados a reabilitação e o acompanhamento em programas multidisciplinares de saúde.
Referências:
UpToDate. Covid-19: occupational health issues for health care workers. Informação atualizada em Outubro de 2021. Disponível em: https://www.uptodate.com/. Acesso em: 1 nov. 2021.UpToDate. Covid-19: neurologic complications and management of neurologic conditions. Informação atualizada em Outubro de 2021. Disponível em: https://www.uptodate.com/. Acesso em: 1 nov. 2021.
Willi, S. et al. Covid-19 sequelae in working age patients: a systematic review. Travel Medicine and Infectious Disease, v. 40 , 2021. Disponível em: 10.1016/j.tmaid.2021.101995. Acesso em: 1 nov. 2021.
d'Ettorre, G. et al. Covid-19 sequelae in working age patients: a systematic review. Journal of Medical Virology, out 2021. Disponível em: 10.1002/jmv.27399. Acesso em: 1 de novembro de 2021.Brasil.
Ministério da Saúde. Painel de casos de doença pelo coronavírus 2019 (COVID-19) no . 2021. Disponível em: https://covid.saude.gov.br/. Acesso em: 1 nov. 2021.
Autor do resumo:
Aluna Valeska Lourenço Bergamin
Curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Revisor do resumo:
Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão
Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
Observação:
Geralmente, o Projeto Fale com o Dr. Risadinha busca informações com alto nível de evidência científica para fornecer respostas seguras e confiáveis ao seu público. Mas por se tratar de assunto novo, muitas informações sobre coronavírus e COVID-19 são opiniões de especialistas, carecendo de mais estudos científicos que as comprovem.
