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A ideia suicida consiste em pensamentos de querer estar morto ou querer se matar. A tentativa de suicídio se refere a uma ação autodestrutiva deliberada destinada a se matar. Como a intenção de se matar é muitas vezes confusa, uma avaliação da gravidade da intenção é uma parte crucial da avaliação clínica. Embora os distúrbios do humor, psicose e abuso de substâncias sejam potentes fatores de risco para o suicídio completo, as tentativas de suicídio e a ideação de suicídio em crianças e adolescentes podem ocorrer em uma ampla variedade de distúrbios e condições psicopatológicas. O suicídio concluído é raro em crianças antes da puberdade. As taxas mais elevadas de suicídio ocorrem entre os 15 e os 24 anos. Além disto, os suicídios de jovens do sexo masculino superam significativamente os suicídios femininos em grande parte do mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, as taxas de suicídio juvenil aumentaram drasticamente. Em contraste com o suicídio completo, as ideações suicidas e as tentativas são muito mais comuns. A ideação ou comportamento suicida é uma causa comum dos atendimentos médicos na urgência. Um em cada 4 casos de tentativa de suicídio atendidos na urgência resulta em hospitalização. O comportamento suicida varia marcadamente pelo gênero. A tentativa de suicídio é muito mais comum em meninas com idade entre 15-19 anos do que em meninos com essa idade. As meninas nesta faixa etária tentam suicídio quase duas vezes mais vezes do que garotos, porém os meninos efetivam o suicídio cerca de quatro vezes mais que as meninas. Fatores de risco psicossociais adicionais para o suicídio completo incluem: características de isolamento social ou impulsividade; estressores da vida recente, como perdas afetivas ou problemas legais ou disciplinares (especialmente em jovens com abuso de substâncias ou transtornos de conduta); história familiar de suicídio, depressão ou abuso de substâncias. As taxas de suicídio concluído não parecem ser influenciadas por fatores socioeconômicos. As relações pais-filho problemáticas parecem estar associadas ao suicídio juvenil. A cobertura midiática sensacionalizada de suicídios locais, de celebridades ou ficcionais pode provocar comportamentos suicidas imitativos. Os jovens bissexuais e homossexuais, especialmente aqueles que experimentam rejeição familiar, estigmatização ou vitimização têm um risco aumentado de tentativa de suicídio, mesmo depois de controlar a depressão e outros fatores de risco. Crianças e adolescentes geralmente manifestam comportamento suicida como uma tentativa desesperada de escapar de emoções insuportáveis, como ódio, tristeza, vergonha, desamparo, isolamento intenso ou baixo auto-estima. Esses sentimentos são muitas vezes intensificados por diferentes formas de discordância interpessoal que desencadeiam a ideação ou o comportamento suicida. Os desencadeantes imediatos mais comuns de tentativas de suicídio em adolescentes são as dificuldades comuns da adolescência: conflitos com os pais, dificuldades em aceitar regras ou disciplina, fracassos, brigas com namorado(a), sentimentos de vergonha ou humilhação, insatisfação com o corpo, gênero ou autoimagem, sentimentos de inadequação social, entre outros. Tentativas suicidas podem ocorrer quando tais fatores ocorrem em um(a) jovem que queixa-se de pessimismo, desesperança e desespero acompanhados de sintomas depressivos, instabilidade emocional, impulsividade, habilidades sociais e de comunicação prejudicadas e uma propensão à agressividade.Referência: Access Medicine. King, R.A. Suicidal behavior in children and adolescents. In: Ebert MH, et al. eds. Current diagnosis & treatment: psychiatry. 2ed. New York: McGraw-Hill, 2008. Disponível em: http://psbe.ufrn.br/index.php . Acesso em: 26 jul. 2017.
Autor do resumo: Claudio Vinicius de Assis Rondado
Revisores do resumo: Prof. Dr. Fabio Carmona, Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão, Dr. Mateus Andrea Angelucci
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