Estudos iniciais indicam que a transmissão do COVID-19 poderá ser mais intensa no inverno. Porém, mais dados científicos são necessários para estabelecer a correlação entre o clima e a transmissão da COVID-19.
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O clima mais quente e úmido pode deixar mais lenta a transmissão do COVID-19, porém, a transmissão não é interrompida. A maioria das transmissões do coronavírus, até o momento, ocorreram em regiões com baixas temperaturas (entre 3 e 17 graus Celsius). No hemisfério Sul, que está atualmente no verão, apenas 6% das transmissões do COVID-19 ocorreram em regiões com temperatura média superior a 18 graus Celsius, porém, isso pode mudar com o tempo. Segundo Qasim Bukhari, cientista computacional do MIT, o número de casos de COVID-19 aumentou rapidamente em regiões que estavam com as temperaturas mais baixas, mesmo na Europa, que é vista como possuidora de um dos melhores cuidados com a saúde do mundo. Nos Estados Unidos, estados com a temperatura mais alta, como o Texas e o Arizona, tiveram um crescimento mais lento do que estados mais frios, como Washington e Nova York. Isso se deve, além de fatores comportamentais (como aglomeração de pessoas em locais fechados), a uma possível dificuldade de sobrevivência do Sars-CoV-2 (vírus responsável pelo COVID-19) no ar e nas superfícies por longos períodos em locais com a temperatura mais elevada (porém, ainda pode sobreviver durante horas, senão dias). Acredita-se, portanto, que a transmissão do COVID-19 seguirá um padrão sazonal, no qual, durante o inverno possui um aumento na velocidade de transmissão e no verão um crescimento mais lentificado. Outros 4 vírus da família coronavírus, também responsáveis por infecções respiratórias, possuem um número de casos menor na presença de um clima quente. Apesar desses dados, ainda não se pode ter certeza que o Sars-CoV-2 seguirá o mesmo padrão de transmissão. Fatores como restrições de viagens, medidas de distanciamento social, variações na disponibilidade de exames e encargos hospitalares podem ter afetado o número de casos em diferentes países, afetando também a análise dos dados sobre a influência do clima. Mais dados, obtidos com o decorrer da pandemia, ainda são necessários para estabelecer mais claramente a relação da transmissão do COVID-19 com o clima. Deve-se destacar que a possível correlação entre os casos de COVID-19 e o clima não deve levar os políticos e a população a tomarem medidas mais leves em relação a prevenção da transmissão. A transmissão mais lenta, que pode ocorrer em climas com temperatura e umidade mais elevadas, não é o mesmo que ausência de transmissão, pois o Sars-CoV-2 aparentemente possui uma resistência a altas temperaturas maior do que os vírus da gripe e dos resfriados comuns. Portanto, fortes precauções de transmissão ainda são necessárias para impedir o aumento descontrolado de casos.
Referências:
BUKHARI, Qasim; JAMEEL, Yusuf. Will coronavirus pandemic diminish by summer?. 19 mar. 2020. Disponível em: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3556998. Acesso em: 28 mar. 2020.
SHEIKH, Knvul; LONDOÑO, Ernesto. Warmer Weather May Slow, but Not Halt, Coronavirus: nature may help diminish the pandemic if aggressive measures to control the spread of infections continue, experts say. That doesn’t mean the virus won’t return. The New York Times, 22 mar. 2020. Disponível em: https://www.nytimes.com/2020/03/22/health/warm-weather-coronavirus.html. Acesso em: 29 mar. 2020.
PAIVA, Pryscilla. Coronavírus: entenda qual condição climática é mais favorável à transmissão: estudo confirma que altas temperaturas e umidade relativa reduzem significativamente a transmissão da Covid-19, mas o outono está a caminho do Brasil. Canal Rural, São Paulo, 17 mar. 2020. Disponível em: https://www.canalrural.com.br/noticias/tempo/coronavirus-clima-condicao-climatica-transmissao/. Acesso em: 30 mar. 2020.
Autor do resumo:
Gustavo José Miranda da Cunha
Gustavo José Miranda da Cunha
Revisores do resumo:
Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão
Observação:
Geralmente, o Projeto Fale com o Dr. Risadinha busca informações com alto nível de evidência científica para fornecer respostas seguras e confiáveis ao seu público. Mas por se tratar de assunto novo, muitas informações sobre coronavírus e COVID-19 são opiniões de especialistas, carecendo de mais estudos científicos que as comprovem.
Observação:
Geralmente, o Projeto Fale com o Dr. Risadinha busca informações com alto nível de evidência científica para fornecer respostas seguras e confiáveis ao seu público. Mas por se tratar de assunto novo, muitas informações sobre coronavírus e COVID-19 são opiniões de especialistas, carecendo de mais estudos científicos que as comprovem.