A poluição pode facilitar a transmissão da COVID-19, diminuir a imunidade das pessoas e aumentar a gravidade dos casos e a necessidade de internação hospitalar.
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A poluição do ar é um sério risco à saúde, responsável pela morte de aproximadamente 7 milhões de pessoas todos os anos e é responsável por um terço de todas as mortes por derrame, câncer de pulmão e doenças cardíacas. Mais de 90% da população global vive em locais onde a qualidade do ar não atinge o nível recomendado pela OMS, e cerca de dois terços dessa poluição são causados pela queima de combustíveis fósseis (como o diesel e a gasolina), o que também impulsiona as mudanças climáticas. A poluição do ar ambiente é um fator de risco para infecções respiratórias, pois auxilia no transporte dos microrganismos, tornando-os mais invasivos, e comprometem a imunidade do corpo, deixando as pessoas mais suscetíveis à infecção. Além disso, a poluição está relacionada a um risco aumentado de necessidade de internação respiratória em hospitais. A COVID-19 também é uma infecção respiração e o SARS-CoV-2 (vírus causador da COVID-19) pode permanecer no ar por horas. Um estudo encontrou uma associação positiva entre a maioria dos poluentes do ar e a COVID-19, sugerindo que a poluição também é um fator importante para a infecção pelo SARS-CoV-2. O gás dióxido de nitrogênio (NO2) é um dos principais poluentes do ar. E, em 2003, durante a epidemia de outro coronavírus (SARS-CoV), foi observada uma associação positiva entre poluição do ar e fatalidade dos casos. A poluição por NO2 foi notável em regiões onde a epidemia de COVID-19 é particularmente letal como os casos de Lombardia na Itália, Paris e leste da França. Os esforços para controlar a transmissão do COVID-19 reduziram a atividade econômica e levaram a melhorias temporárias na qualidade do ar em algumas áreas. Apesar disso, o dióxido de carbono e outros gases do efeito estufa, que impulsionam as mudanças climáticas, persistem por um longo tempo no ar. Logo, as reduções temporárias de emissões têm apenas um efeito limitado na redução da poluição do ar. As melhorias ambientais resultantes do isolamento social motivado pela COVID-19 podem ser revertidas por uma rápida expansão de atividades econômicas poluentes, uma vez que as medidas de quarentena tenham terminado, a menos que haja uma proposta para transição para uma economia verde. Quaisquer benefícios ambientais de curto prazo que resultem da quarentena da COVID-19 não substituem as ações planejadas e duradouras sobre a qualidade do ar e do clima.
Referências:
ALIFANO, Marco et al. Renin-angiotensin system at the heart of COVID-19 pandemic. Biochimie, v. 174, p. 30-33, 16 abr. 2020. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S030090842030078X?via%3Dihub. Acesso em: 2 maio 2020.ZHU, Yongjian et al. Association between short-term exposure to air pollution and COVID-19 infection: evidence from China. Science of The Total Environment, [S. l.], v. 727, 15 mai. 2020. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S004896972032221X?via%3Dihub. Acesso em: 2 mai. 2020.
World Health Organization. Q&A on climate change and COVID-19. [S. l.], 22 abr. 2020. Disponível em: https://www.who.int/news-room/q-a-detail/q-a-on-climate-change-and-covid-19. Acesso em: 02 mai. 2020.
Autor do resumo:
Gustavo José Miranda da Cunha
Revisor do resumo:
Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão
Observação:
Geralmente, o Projeto Fale com o Dr. Risadinha busca informações com alto nível de evidência científica para fornecer respostas seguras e confiáveis ao seu público. Mas por se tratar de assunto novo, muitas informações sobre coronavírus e COVID-19 são opiniões de especialistas, carecendo de mais estudos científicos que as comprovem.