segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Como surgiu o movimento antivacina?


O movimento antivacina surgiu juntamente com as vacinas e ganhou força em 1998 com a publicação do artigo fraudulento que relacionava as vacinas ao autismo.

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Desde 1798, com a descrição científica de uma vacina usando pus de varíola bovina para a proteção contra a varíola, as vacinas enfrentam resistência. Ao longo do século 19, houve ciclos que consistiram no aumento da vacinação contra a varíola, ao mesmo tempo em que se crescia a oposição à vacinação. Esse ciclo lembra a clássica afirmação sobre as vacinas: “vítimas do próprio sucesso”. Ao impedirem que as pessoas fiquem doentes, a população acaba esquecendo a gravidade das doenças e, consequentemente, a importância das vacinas. No século 20, houve uma melhoria do saneamento básico e da assistência básica em saúde, o que reduziu a atenção da saúde pública sobre a vacinação obrigatória e diminuiu as discussões sobre o assunto. Na década de 1950, a vacina de poliomielite foi recebida de braços abertos. A onda moderna do movimento antivacina tem sua origem na década de 1970. Nessa época, surgiram as preocupações sobre a segurança da vacina contra a coqueluche em muitos países de alta renda. Nas décadas de 1980 e 1990 surgiram grupos organizados contra as vacinas em muitos países. Foi, então, que em 1998, Andrew Wakefield e seus colegas publicaram um artigo fraudulento na The Lancet, revista médica conhecida internacionalmente, que alegava haver relação entre o autismo e a vacina MMR, usada contra o sarampo, a caxumba e a rubéola. Esse trabalho fraudulento impulsionou o movimento antivacina e continua recebendo atenção, mesmo sendo contrariado por diversos outros estudos posteriores. No século 20, foram inúmeros os desafios enfrentados pelo Brasil para incentivar a vacinação. Em 1973, foi criado o Programa Nacional de Imunizações do Brasil (PNI), que garante acesso gratuito para toda a população às diversas vacinas. O Brasil já teve diversas campanhas de sucesso que conseguiram vacinar grande parte da população, sendo um marco a Campanha de Erradicação da Varíola que conferiu ao Brasil o certificado de país livre da doença, concedido pela OMS em 1973. Apesar do sucesso do PNI, a cobertura vacinal no Brasil está se reduzindo cada vez mais - fato preocupante. Recentemente, o movimento antivacinação foi incluído pela Organização Mundial de Saúde nos dez maiores riscos à saúde global. A grande quantidade de informações falsas sobre as vacinas na Internet e a possibilidade de acesso fácil e compartilhamento em redes sociais de informações erradas impulsionaram ainda mais o crescimento do movimento antivacina nos últimos anos. Tal problema recebeu ainda mais destaque durante a pandemia de COVID-19 e a ampla divulgação das fake news, ou seja, de notícias falsas, erradas, incompletas ou distorcidas.

Referências: 

OMER, Saad B. The discredited doctor hailed by the anti-vaccine movement. Nature 586, p. 668-669, 27 out. 2020. Disponível em: https://www.nature.com/articles/d41586-020-02989-9. Acesso em: 4 jan. 2021.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA TROPICAL. Movimento antivacina é uma das dez ameaças para a saúde mundial. SBMT, 11 abr. 2019. Disponível em: https://www.sbmt.org.br/portal/anti-vaccine-movement-is-one-of-the-ten-threats-to-global-health/?locale=pt-BR. Acesso em: 4 jan. 2021.

D’AVILA, C. O perigo do movimento antivacinas e o que a história tem a dizer sobre a vacinação (Artigo). In: Café História. Publicado em 28 set de 2020. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/movimento-antivacina-historia-das-vacinas-no-brasil/. ISSN: 2674-59. Acesso em: 4 jan. 2021.

ALBUQUERQUE, C. With fake news, anti-vax discourse spreads in social media. Fiocruz, 11 set. 2020. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/en/news/fake-news-anti-vax-discourse-spreads-social-media. Acesso em: 4 jan. 2021.

BOULANGER, A. Understanding opposition to vaccines. Healthline, 15 set. 2017. Disponível em: https://www.healthline.com/health/vaccinations/opposition. Acesso em: 4 jan. 2021.

Autor do resumo:
Gustavo José Miranda da Cunha

Revisor do resumo: 
Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão



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