terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Qual o impacto do movimento antivacina para a sociedade?


O movimento antivacina é a oposição à vacinação que possibilita o surgimento de epidemias de doenças evitáveis e dificulta o controle de várias doenças.

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O movimento antivacina consiste na oposição à vacinação, levando à hesitação vacinal por parte da população. A hesitação vacinal é a recusa da vacinação ou um atraso na aceitação da vacinação. A preocupação com a segurança da vacina (medo dos possíveis efeitos colaterais) é o motivo mais comum para a recusa da vacina. Outros motivos se concentram na ideia de que as vacinas não são necessárias, na liberdade de escolha e motivos religiosos. Vale ressaltar que a vacinação é uma das formas mais eficientes, em termos de custo, para evitar doenças. Anualmente, o processo de vacinação impede de 2 a 3 milhões de mortes. Recentemente, o movimento antivacina foi incluído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) entre os dez maiores riscos à saúde global. Os movimentos antivacina ameaçam reverter o progresso alcançado no combate a doenças evitáveis por vacinação, como o sarampo e a poliomielite. A recusa da vacinação é prejudicial não somente aos “anti-vaxxers” (pessoas do movimento antivacina), mas sim à toda população, pois representa risco de surtos de doenças que seriam evitáveis com as vacinas. Esses surtos podem afetar indivíduos não vacinados, crianças muito jovens para serem vacinadas, pessoas com contraindicações às vacinas e indivíduos vacinados com resposta imunológica insatisfatória (mesmo vacinados, ainda podem pegar a doença), além de consumir recursos de saúde que poderiam ser utilizados para o tratamento de doenças não evitáveis com a vacinação. Os movimentos antivacina vêm crescendo no mundo todo, inclusive no Brasil. Nos últimos dois anos a meta de ter 95% da população-alvo vacinada não foi alcançada. Vacinas importantes como a Tetra Viral (previne o sarampo, caxumba, rubéola e varicela) teve o menor índice de cobertura, 70,69%, em 2017. De acordo com especialistas em saúde pública, o principal problema para cobertura vacinal é a adesão da população às vacinas e não uma falta de vacinas gratuitas e nem acesso a elas. Embora pesquisas científicas demonstrem que as vacinas são seguras, eficazes e que salvam vidas, mensagens imprecisas e enganosas se proliferam online, o que alimenta o movimento antivacina. Uma pesquisa descobriu que o conteúdo anti-vax (antivacina) no Facebook adota ideias inusitadas, incluindo que a poliomielite não existe, e conta com vários grupos distintos, incluindo pessoas vendendo “remédios alternativos”. Uma pesquisa mostrou que as pessoas indecisas (que têm dúvidas sobre se a vacinação realmente compensa) acabam sendo expostas a mais fake news (notícias falsas) e informações fraudulentas online do que a informações científicas pró-vacina (a favor da vacinação), o que acaba promovendo a hesitação vacinal nessas pessoas. Todos os anos, 1,5 milhões de crianças em todo o mundo morrem de doenças que podem ser evitadas com vacinas e os “anti-vaxxers” contribuem para isso. Atualmente, a hesitação vacinal se apresenta como um grande obstáculo para alcançar uma cobertura vacinal da COVID-19 ampla o suficiente para resultar em imunidade de rebanho e transmissão lenta de doenças para a comunidade. Logo, a hesitação vacinal dificulta o controle da pandemia.

Referências: 

UpToDate. Boom, Julie A; Healy, Mary. Standard childhood vaccines: Parental hesitancy or refusal. Informação atualizada em: 08 out. 2020. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/standard-childhood-vaccines-parental-hesitancy-or-refusal. Acesso em: 5 jan. 2021.

UpToDate. Edwards, Kathryn M; Orenstein, Walter A. Coronavirus disease 2019 (COVID-19): vaccines to prevent SARS-CoV-2 infection. Informação atualizada em: 16 dez. 2020. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/coronavirus-disease-2019-covid-19-vaccines-to-prevent-sars-cov-2-infection. Acesso em: 5 jan. 2020.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Vaccines and immunization: myths and misconceptions. World Health Organization, 19 out. 2020. Q&A. Disponível em: https://www.who.int/news-room/q-a-detail/vaccines-and-immunization-myths-and-misconceptions. Acesso em: 5 jan. 2021.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Vaccines and immunization: what is vaccination?. World Health Organization, 31 dez. 2020. Q&A. Disponível em: https://www.who.int/news-room/q-a-detail/vaccines-and-immunization-what-is-vaccination. Acesso em: 6 jan. 2021.

BURKI, Talha. The online anti-vaccine movement in the age of COVID-19. The Lancet, v. 2, p. e504-e505, 1 out. 2020. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/landig/article/PIIS2589-7500(20)30227-2/fulltext. Acesso em: 5 jan. 2021.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA TROPICAL. Movimento antivacina é uma das dez ameaças para a saúde mundial. SBMT, 11 abr. 2019. Disponível em: https://www.sbmt.org.br/portal/anti-vaccine-movement-is-one-of-the-ten-threats-to-global-health/?locale=pt-BR. Acesso em: 5 jan. 2021.

BOULANGER, Amy. Understanding opposition to vaccines. Healthline, 15 set. 2017. Disponível em: https://www.healthline.com/health/vaccinations/opposition. Acesso em: 5 jan. 2021.

Autor do resumo:
Gustavo José Miranda da Cunha

Revisor do resumo: 
Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão

Observação:
Geralmente, o Projeto Fale com o Dr. Risadinha busca informações com alto nível de evidência científica para fornecer respostas seguras e confiáveis ao seu público. Mas por se tratar de assunto novo, muitas informações sobre coronavírus e COVID-19 são opiniões de especialistas, carecendo de mais estudos científicos que as comprovem.


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