Ter uma arma de fogo no ambiente familiar, ainda que guardada e protegida, está associado com aumento no risco de homicídio, suicídio e lesões que não são intencionais.
***
Ter uma arma de fogo no ambiente familiar, ainda que guardada e protegida, está associado com aumento no risco de homicídio, suicídio e lesões que não são intencionais. Além disso, a posse e porte de armas aumenta o risco de comportamentos violentos, tanto por adultos como por crianças e jovens, e agressões físicas, já que oferece um falso senso de segurança, o que contribui para comportamentos impulsivos. Em muitos países, os machucados por arma de fogo são causas importantes de mortalidade e são um grande problema de saúde pública. Crianças, por exemplo, podem presenciar situações traumatizantes envolvendo armas de fogo no ambiente familiar e episódios de violência e morte, como a de seus pais ou cuidadores. Dependendo da idade da pessoa, da proximidade com quem carrega a arma ou ao visualizar esses episódios de violência brutal, a experiência pode causar grandes impactos na saúde mental dos indivíduos, os quais podem, futuramente, externalizar comportamentos violentos como agressão, desordens de conduta e impulsividade. Além disso, somente a presença de armas de fogo em casa, ou seu uso, pode levar a episódios de ansiedade, pensamentos violentos recorrentes, problemas no sono, depressão e aumento da tendência de abuso de álcool e drogas ilícitas, principalmente em adolescentes. Vale informar que a melhor forma de prevenir injúrias pela arma, mortes ou problemas mentais é a ausência das armas de fogo em casa. Para as famílias que ainda as mantêm no ambiente familiar, é preciso uma recomendação especializada sobre como cuidar e lidar com a arma. É preciso que essa seja guardada trancada e descarregada, sendo que a munição deve ser trancada em outro local. Os cuidadores não podem subestimar a capacidade da criança ou do adolescente de obter acesso a arma ou puxar o gatilho, sendo que somente ensinar as crianças que não devem usar uma arma de fogo não é o suficiente. É importante, também, desencorajar o uso de armas de fogo de brinquedo pelas crianças, programas de televisão e vídeos na Internet que demonstrem as armas como itens socialmente aceitáveis, já que esses podem estimular comportamento violento e idealização infantil sobre a posse de armas, o que pode estimular a curiosidade e a procura ativa pela criança.
Referências:
UpToDate. Firearm injuries in children: prevention. Informação atualizada em Junho de 2022. Disponível em: https://www.uptodate.com/. Acesso em: 09 out. 2022.UpToDate. Peer violence and violence prevention. Informação atualizada em Julho de 2022. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/. Acesso em: 09 out. 2022.
UpToDate. Suicidal behavior in children and adolescents: epidemiology and risk factors. Informação atualizada em Junho de 2021. Disponível em: https://www.uptodate.com/. Acesso em: 10 out. 2022.
Joseph A. Simonetti. Jessica L. Mackelprang. Et. al. Psychiatric comorbidity, suicidality, and in-home firearm access among a nationally representative sample of adolescents. Jama Psychiatry, v. 72, n. 2, 2015. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry/article-abstract/2048699. Acesso em: 11 out. 2022.
Autor do resumo:
Aluno Victor Villatoro Carrapato
Curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Revisor do resumo:
Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão
Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.